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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ao sul com meu amigo Nelson


Tudo começou num dia de setembro de 2008.

Pensamos que a saúde é um patrimônio infinito e que nunca a perderemos. Um dia, um mal-estar, um exame e lá vem o resultado; fica-se atônito, imaginando como foi acontecer e por quê.

Preparava-me para sair de casa, quando o telefone tocou. Era Sônia, esposa do Nelson. Contou-me que há uns três meses ele apresentava tosse e febre baixa, mas constante. Internado, permaneceu um mês em tratamento com diagnóstico de pneumonia. Como não melhorava, Sônia providenciou remoção a um hospital de São Paulo, onde o submeteram a sofisticado exame por aparelho chamado Petscan. O diagnóstico foi preocupante. Câncer no pulmão. Para piorar as coisas e sem ligação aparente, foi encontrado outro foco da doença no osso da perna esquerda, na altura da coxa. Apesar de tensa, Sônia falava pausadamente, imaginei que estivesse sob efeito de calmante. Procurei dizer algo sobre novos tratamentos, novas formas de combate à doença, mas confesso que não consegui ser convincente nem a mim mesmo.

Nelson e eu fomos colegas na faculdade de Engenharia em Porto Alegre. Logo após a formatura, com Ney, outro colega, fomos para Brasília iniciar nossa carreira profissional.

Desliguei o telefone e fiquei pensativo por alguns minutos. Liguei para Moacir, amigo em comum, e falamos sobre a oportunidade dele oferecer aquela feijoada prometida ao Nelson. Seria o momento certo de reunirmos colegas e movimentarmos a vida dele. Marcamos o almoço para um domingo ainda no mês de setembro.

No dia, todos chegaram cedo ao sítio do Moacir para ajudá-lo a preparar os ingredientes. Nelson foi o último a chegar. Sônia era quem dirigia o carro. Outrora isso nunca ocorreria. Seu hobby predileto sempre foi direção de automóvel. Desceu do carro auxiliado pela nova companheira (uma bengala de madeira) e pela Sônia. Estão casados há 35 anos. Apoiou a bengala na grama e ela afundou. Procurou um lugar mais firme e, ao conseguir, iniciou uma cuidadosa aproximação até a varanda onde estávamos. As costas arqueadas, o semblante cansado, o peito arfante. O olhar baixo evitava os outros, como alguém que tem medo de ter algum segredo desvendado.

Em São Paulo, após o diagnóstico, os médicos decidiram que ele deveria voltar à Brasília e iniciar tratamento quimioterápico para debelar os tumores. Fizera uma primeira sessão que teve de ser seguida por transfusão de sangue, pro causa do baixo teor de glóbulos vermelhos.

Neste almoço, junto com minha namorada Maria Lúcia e Sônia, combinamos uma viagem para o Rio Grande do Sul, onde colocaríamos o Nelson em contato com seus irmãos, parentes, amigos e ex-colegas do curso de Engenharia. Aproveitaríamos que em 31 de novembro haveria um jantar da faculdade de Engenharia em Porto Alegre, onde homenageariam os diplomados há 35 anos, que era o nosso caso. Depois esticaríamos até Gramado, cidade com a qual ele tem grande afinidade. O contato com o passado poderia fortalecê-lo.

À noite, Nelson dormia auxiliado por uma máscara ligada a um balão de oxigênio. A capacidade pulmonar estava baixa, o que comprometia sua noite de sono.

O filho deles, Nelson Alexandre e a nora, Juliana, seriam também chamados a nos acompanhar na viagem. Assim, o filho teria oportunidade de ajudar nas locomoções e conviver com o pai, pois atualmente reside em São Paulo. Sônia ficou com a incumbência de fazer as reservas de vôo e hotel e assim fez.

Na verdade, nossos filhos não nascem para nos corujar. Eles nascem para descobrir seus próprios caminhos. Mas, ao se depararem com a idade e as dificuldades dos pais, eles estão se preparando para os seus próprios problemas.



Primeiro Dia

Nelson e Sônia chegaram cedo ao aeroporto. Às 8h a bagagem já estava despachada e eles esperavam na sala de embarque. Passageiros com dificuldade de locomoção não precisam entrar na fila. Nelson tinha dificuldade de se movimentar. Atualmente, caminhava com auxílio da mulher, e sua inseparável bengala de madeira. Mas já fora pior. Um mês antes, Nelson locomovia-se por cadeira de rodas.

Sônia nos vê no saguão e vem ao nosso encontro. Na noite anterior Nelson tivera uma crise respiratória e perdera o ânimo de viajar. Foi preciso ser firme e dizer-lhe que, após as reservas feitas, não poderia desistir. Ele entendeu o recado. Sabe que ela não recua após iniciar um projeto. O problema foi tão grave que o médico aconselhou uma transfusão de sangue extra, baixara novamente a contagem de glóbulos vermelhos. Pela dificuldade de manuseio, aconselhou o casal a viajar sem o aparelho de oxigênio e, caso surgisse um contratempo, ele deveria ser levado rapidamente a um hospital. Antes de irem ao aeroporto, Sônia aplicou-lhe uma injeção, receitada pelo médico para evitar trombose durante o vôo.

Ao embarcar, Nelson, com dificuldades, sentou na primeira fileira do avião com a esposa ao lado. Ela explicou às comissárias que se os ocupantes das poltronas aparecessem, elas as desocupariam. Às 9h o avião decolou de Brasília, fez uma conexão no Rio e às 14h20 chegou a Porto Alegre.

Dirigimo-nos ao balcão da locadora onde nos aguardava um carro alugado pela agência de turismo. Lentamente, acompanhamos o Nelson que, cansado e abatido pelas longas horas de vôo, logo se senta numa poltrona. Na locadora, decidimos eleger um motorista fixo e, por unanimidade, fui eleito para a tarefa.

O carro é carregado com as bagagens e saímos às 16h rumo ao hotel. No caminho, passamos em frente a casa onde Nelson viveu a adolescência. Fala sobre o supermercado do pai que pegara fogo naquele bairro. A voz embarga quando acrescenta que o tio se esquecera de pagar o seguro na data de vencimento. Ficaram sem nada, reiniciando a vida do zero. “Foram anos duros.”

Levo-os para o hotel num bairro de Porto Alegre e dirijo para o apartamento de minha mãe, onde fico hospedado com Lúcia. Na chegada, ao desembarcar a bagagem, vejo a enorme pasta com remédios do Nelson. Ficara no carro por engano. Seria necessário um novo encontro com eles ainda no mesmo dia, porque ele não poderia ficar sem as medicações.

Jantamos juntos e combinamos a programação do dia seguinte, iniciando a estada em Porto Alegre, período inesquecível para todos.



Segundo Dia

Anualmente, a faculdade de engenharia do Rio Grande do Sul homenageia seus diplomados, que comemoram 20, 25, 30, 35 anos de formados. Neste ano, por coincidência, os homenageados seriam, dentro dos 35 anos, a turma de 1973, onde estavam incluídos Nelson e eu.

Levei o álbum da formatura com as fotos dos formandos. Hoje mais velhos, com os cabelos grisalhos e alguns sem cabelos, “só estamos iguais na essência”. Nelson marejou os olhos várias vezes quando abraçado. Sempre tinha alguém contando algo sobre o outro, pois os amigos são nossa melhor memória. Lembram o que esquecemos. Ouvimos dos outros o ângulo ignorado de nós mesmos.

Após o jantar, o mestre de cerimônias conclamou os convidados a assistir à distribuição de brindes aos diplomados. Dançamos ao som dos Beatles e de Renato e seus Blue Caps como antigamente. Nelson até que ensaiou alguns passos, mas logo retornou à mesa.

Tivemos alguns contratempos até hilariantes. Para facilitar o acesso de Nelson ao ambiente do evento, já que estava com o fôlego bastante reduzido pela doença e uso de medicamentos pesados, colocamos o carro num acesso da garagem que permitia o uso do elevador da cozinha principal. Quando entramos no salão dos diplomados, o espanto dos convidados: vestidos com trajes de festa, entramos com os garçons, cozinheiras e chefs. Na saída, a espaçosa cozinha estava fechada e ficamos sem acesso à garagem. Nelson Alexandre saiu em busca do guarda com as chaves e só voltou quando o localizou, o que se tornou a primeira demonstração do mimo com o pai, das muitas outras que ocorreriam nos próximos dias.

Deixamos Nelson e o filho, com suas respectivas esposas, no hotel. E Maria Lúcia e eu rumamos para a casa de minha mãe.



Terceiro Dia

Era sábado e, mesmo sendo o dia da viagem a Gramado, levantamos tarde.

O filho e a nora de Nelson haviam chegado sexta e ele se renovara, pois o reencontro com filhos distantes serve de elixir revigorante para os pais.

Quando chegamos ao hotel, nos esperavam de malas prontas no saguão. Nelson sentado, parecia cansado.

O câncer de pulmão tem como característica diminuir a capacidade de oxigenação dos pulmões, causando enfraquecimento geral e pouca capacidade aeróbica. Perguntei se tudo estava bem e ele brincou dizendo que a farra da noite anterior tinha sido muito pesada para ele.

Saímos de Porto Alegre às 10h, numa viagem lenta para aproveitar a bela paisagem da Serra Gaúcha. A outrora tortuosa estrada de mão dupla deu lugar a uma bela avenida de duas pistas em meio à floresta verdejante e hortências a desabrochar. Em nada lembrava a via tortuosa e cheia de riscos. Pudera! Fazia mais de trinta anos que não passávamos nesta via. Vez por outra, Sônia passava uma medicação para Nelson tomar. Ele engole pílulas, toma líquidos, passa pomadas. E tosse, muita tosse. “Encomendei um remédio para um raizeiro de São paulo, que já curou muita gente com câncer pelo mundo afora.”

O filho de Nelson herdou o bom humor inteligente e vivo do avô materno e isso garantiu uma viagem alegre e cheia de piadas. Quando ultrapassados por um fusca numa subida da serra ele comentou que eu era mais lento que o Rubens Barrichelo.

Chegamos a Gramado às 13h. Após deixarmos a bagagem nos quartos, descemos ao restaurante do requintado hotel Serrano, onde nos esperava uma feijoada completa. Após o almoço, Nelson e o filho, aproveitando a companhia um do outro, foram assistir aos treinos da F-1 no telão do mezanino. A falta de instalações adequadas a deficientes físicos dificultou o acesso de Nelson, mas seu filho formalizou reclamação por escrito para a gerência do hotel e fez uma defesa oral dos direitos de quem não se locomove livremente.

Quando pequenos, protegemos nossos filhos dos perigos e armadilhas da vida. Quando ficamos impedidos por qualquer motivo, eles devolvem este cuidado. A cada defesa veemente do filho, Nelson secava o olho que teimava em turvar-se.

Sônia, a nora Juliana, Maria Lúcia e eu permanecemos na mesa do almoço, saboreando um vinho branco da casa. Sônia destacou o companheirismo dela com Nelson. Os anos de vida em comum, os problemas que passaram juntos e o impacto da doença surgida no momento em que tudo andava bem. É como se a gente tivesse que perceber de tempos em tempos que o emocional e o afetivo devem seguir em paralelo com o sucesso profissional e os negócios. A doença parece unir as famílias quando surpreendidas por um dos membros enfermos.

Ao levantarmos da mesa e nos dirigirmos à sala de TV, onde ocorria a transmissão da corrida de F-1, Nelson dormia no sofá, exausto. O filho nos viu e acordou o pai convidando-o a descansar no quarto.

Após um breve sono, cada casal no seu quarto, nos encontramos na piscina aquecida onde fizemos hidroginástica. Em certo momento, estávamos sentados os seis num canto da piscina e Nelson ria e contava piadas. Vez por outra era interrompido por acessos de tosse e ficava sério. Antes que todos levantassem, Nelson balançou a cabeça e, numa demonstração de tudo o que Sônia representa para ele, disse baixo, mas audível para todos, que “Sônia é uma grande mulher, não sei o que seria de mim sem ela”.

A noite o tempo fechou e um temporal se abateu sobre a cidade, seguido de uma neblina com brisa fria. Por unanimidade, decidimos tomar café colonial na estrada para Canela. Caía uma chuva fina e fria e ficamos muito tempo em silêncio nesta noite. Parecia que cada um estava envolto em seus pensamentos e não queria compartilhar com o outro. No hotel, aproveitamos o champanhe oferecido e, antes de dormir, fizemos um brinde.

Juliana brindou à vida;
Sônia brindou à saúde;
Nelson Alexandre à paz;
Maria Lúcia à harmonia;
Eu brindei ao aprendizado que vem das desventuras e...
Nelson brindou às nossas qualidades, que tantos filhos-da-puta não reconhecem.



Quarto Dia

No dia seguinte, um domingo, a neblina forte retardou o nascer do sol. Da janela do quarto do hotel, mal se via a copa das árvores. O cenário parecia de filme. O dia estava frio e úmido.

Maria Lúcia e eu fomos ao restaurante e esperamos os demais que chegaram quinze minutos após. Avistei os que subiam as escadas bem devagar com uma fila de pessoas atrás, querendo passar. O hotel não tinha rampa nem elevador para acesso ao restaurante que servia o café-da-manhã. Nelson Alexandre fez mais uma queixa por escrito, demostrando sua indignação. Fiz o mesmo, solidário com o filho que se mostrava cuidador do pai enfermo.

Sentados à mesa, lanchamos. Contamos nossos sonhos da noite anterior. Juliana falou sobre a dificuldade em administrar sonhos maus. Disse que é normal acordar aflita com sensação de horríveis acontecimentos reais. Relatou, por exemplo, pesadelos sobre assaltos em casa ou coisa pior. Maria Lúcia relatou o sonho com a mãe que teve o cuidado de pavimentar uma calçada de barro com pedras.

Nelson não deu muita importância aos sonhos e logo desviou o assunto. Não parecia disposto a ouvi-los, pela própria significação irreal que eles representavam. Sua realidade era mais forte que qualquer sonho. A cada sonho contado, sua preocupação parecia ser transparente. Talvez o medo de que o sonho fosse pior que a realidade.

Era hora de parar com a seção de sonhos e fomos aos passeios programados. Iniciamos pela casa do Papai Noel. Um lindo bosque em terreno montanhoso com casas representativas de lugares freqüentados pelo bom velhinho. Pelas dificuldades de acesso, Nelson pacientemente nos liberou e ficou sentado num banco, aguardando-nos.

Como o tempo era curto rumei à Cascata do Caracol. Nelson adormeceu no carro, no banco do passageiro, acompanhado de Sônia, que ficou no banco de trás enquanto passeávamos. “Nunca o vi dormir tanto, parece que precisava muito de repouso”. Eles já conheciam o local. Em outra ocasião estiveram em Canela e Nelson desceu até a base da cascata.

Desta vez, apenas Maria Lúcia e Nelson Alexandre desceram os 780 degraus até a cascata. A subida consumiu mais de duas horas de ambos, entre descansos e retomadas. Na volta, Nelson Alexandre ajudou um turista que passou mal, apoiando-o, desmaiado.

Voltamos para o hotel, em tempo de almoçar. Logo após, pai e filho se dirigiram à sala de TV e foram assistir a corrida de F-1.

Ficamos no restaurante terminando o almoço. Para cuidar do Nelson, Sônia largou a administração dos negócios da família. Passou tudo para os filhos e os empregados de confiança. Deu-se conta que a saúde é o mais importante bem da pessoa. Levou-o a médicos, mandou fazer remédios caseiros e medica-o dia e noite, tal a quantidade de medicamentos.

Ao acabar a corrida, nos recolhemos aos quartos e combinamos um reencontro na piscina. Quando lá chegamos, soubemos que Nelson, que ficara sozinho no quarto, desaparecera. Onde estaria? Sônia diz para o filho seguir para os salões de TV e restaurantes, enquanto ela seguiria para o saguão. Maria Lúcia e eu permanecemos na piscina. Duas horas se passaram antes de Nelson reaparecer. Estava na capela do hotel. Certamente fazia orações e pedia pela sua saúde.

Na solidão da doença o homem procura algo que o faça reviver a fé. Recorrer a Deus é escolha da maioria. Estava sério e perguntou pela Sônia. Respondi que talvez estivesse no saguão. Ele fechou a porta de vidro que dá acesso à piscina e, sem nada dizer, foi procurá-la, acompanhado apenas de sua bengala. Tive ímpeto de ajudá-lo, mas senti a mão de Lúcia que repousou no meu braço e desisti.

Algum tempo depois, chegam Nelson e Sônia abraçados à piscina. Seu semblante ostentava um rubor e notei pela primeira vez o olhar com brilho e o sorriso. O passeio fazia seus primeiros efeitos transparentes.

No jantar, Nelson comenta pela primeira vez seu estado de saúde. Fala que certa vez caiu no banheiro de casa e ficou sem forças para levantar. Após algum tempo, o neto foi procurá-lo e vendo-o caído liga para a mãe, que sai do trabalho e chama os bombeiros para socorrê-lo, pois é muito pesado para ser removido. Hospitalizado e após diversos exames, nada descobrem. É então liberado sem tratamento e sem diagnóstico.

Neste final de dia, exibe excelente bom humor e comenta que tudo na vida é um ciclo. Hora de nascer, de viver, de aventurar e também há a hora de morrer. Nelson entende que a morte tem sua hora certa, que depende também da força mental dele definir se a hora chegou ou não.



Quinto Dia

Levantamos cedo e preparamos a volta a Porto Alegre. Após as malas serem colocadas no carro, pegamos estrada. Antes, mais um passeio na cidade já decorada para o Natal de 2008. O filho será deixado no aeroporto, pois para ele a segunda é dia de trabalho em São Paulo. “Foram dias inesquecíveis.” Nelson apresenta o rosto sereno e pensativo, certamente algo mudou em seu íntimo. O aprendizado nunca será esquecido.

No trajeto de volta, Nelson Alexandre participa de um fonoconferência com São Paulo. Vez por outra, Nelson sorri orgulhoso de conhecer as decisões tomadas pelo filho ao telefone.

Deixamos o rapaz e a esposa no aeroporto para e devolvemos o carro alugado no balcão da companhia. Despedimo-nos de Nelson e Sônia, que rumam para o hotel e Maria Lúcia e eu para a casa de minha mãe.

Nos próximos dias, antes de voltar a Brasília, Nelson e Sônia ainda enfrentam uma maratona de visitas aos irmãos dele, que são três, o Norberto, o Artur e a Mirna, e aos amigos e colegas de faculdade que são muitos. São jantares, almoços e churrascadas.



A transformação

Uma sintonia muito forte nos uniu nesses dias. Numa ocasião, ao convidá-los por telefone para irmos a um shopping, naquele momento já estavam no local, em outro andar.

Sônia registrou tudo, fotografou paisagens, morros, árvores, placas, abraços, beijos, casas e nós todos, muitas vezes. A todo instante solicitava que brindássemos. “Consultem o orkut do Nelson, lá verão 300 fotos dessa viagem espetacular.”

Normalmente adiamos as coisas por qualquer motivo. Mas o melhor é aproveitar, fazer tudo que nos dá vontade, pois nem sempre teremos uma segunda oportunidade.

Alguns dias depois, dia 30 de novembro, Nelson aniversariou e fui dar-lhe um abraço. Comemorava os 65 anos de vida e a regressão do câncer, ao ponto de o médico dizer que as duas únicas sessões de quimioterapia feitas às vésperas de ser liberado para a viagem foi o bastante para deixá-lo recuperado.

Encontro-o com o bom humor dos velhos tempos. Ele me chama a um canto, olha-me firmemente no olho e diz que foi convidado por Hollywood para substituir o ator Bruce Willis na nova versão do filme “Duro de Matar”. E cai na gargalhada.

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