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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Um Cafezinho No Bairro Tristeza

Estamos despreparados para lidar com a idade avançada dos pais. Crescemos, vamos em busca do destino e de repente, mais rápido do que se imagina, os genitores estão com 70, 80 anos. E sós.
Em meses alternados, viajo de Brasília a Porto Alegre para acompanhar minha mãe com 80 anos em consultas médicas e exames de saúde. Verifico como se alimenta, como estão as roupas e a qualidade de vida. Estas pequenas coisas parecem banais, mas para ela são difíceis de administrar. E olha que é independente, mora só e tem autonomia. Incluo ainda passeios em shoppings, idas a restaurantes e na orla de Ipanema para banhos de sol.
Todas as manhãs, faço caminhadas nas ruas da Tristeza, bairro onde morei na adolescência e vejo as facilidades criadas para a locomoção de idosos. Verifico que existem rampas e calçadas praticamente sem degraus e noto que alguns comércios investem parte dos negócios no atendimento a este público. Pressentem que na terceira idade estão consumidores em potencial mas necessitam facilidades de acesso aos estabelecimentos, além é claro, de um bom tratamento para conquistá-los.
Um dos lugares que frequento e levo minha mãe para fazer refeições é a Oficina do Café. Localizado ao lado do Banrisul e capitaneado pelo incansável Pedrinho, o restaurante possui uma alimentação natural e saudável num recanto aconchegante e tranquilo.
Quando lá estive em março, após a refeição pedi um cafézinho, que por sinal foi muito bem tirado. Confortavelmente sentado lendo a Zero Hora, reparei a atenção que Pedrinho dedica aos frequentadores. “Bom dia, seu Inácio”. “Boa tarde, Salete”. “Como vai Ângela?” “Seu filho melhorou, seu Getúlio?” pergunta sobre a saúde de alguém acamado. “Oi João”.
Paulista, mas totalmente inserido ao bairro Tristeza, Pedrinho faz questão de atender nominalmente aos clientes. “Mais que fregueses, são meus amigos. Sei o nome de pelo menos 150.” Considera tratamento preferencial como um diferencial.
O restaurante já faz parte do meu roteiro de passeios. Quando ligo de Brasilia, minha mãe fala “ah, que saudade do almoço no restaurante do Pedrinho”. Prometo que a levarei na Oficina do Café quando for a Porto Alegre. Sabe que será bem recebida pelo proprietário: “Bom dia dona Maria de Lourdes, trouxe novamente seu filho de Brasília para almoçar? Seja bem vinda!”

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