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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

VOAR É PARA OS PASSAROS


Morador de Brasília há trinta anos, acompanho com preocupação a frota de automóveis crescer assustadoramente. Dia destes, ao visitar meu filho em Águas Claras testemunhei, em plena sexta-feira, enorme engarrafamento que se iniciava no Setor de Indústrias e Abastecimento e ia até o viaduto de acesso àquele bairro. Foram cerca de uma hora e meia para percorrer míseros dez quilômetros.
Naquele dia percebi porque as grandes capitais detém um crescente número de helicópteros. São Paulo centraliza um dos maiores tráfegos destes veículos. A cidade não pode parar. Os negócios muito menos. São 582 aparelhos. É o terceiro maior tráfego do mundo, atrás apenas de Nova York e Tókio. Um negócio em crescimento e com boas perspectivas de expansão para outras cidades, como por exemplo, Brasília.
Na Capital Federal, até setembro de 2010, estavam computados 59 aparelhos, nove a mais do que os registrados no ano passado. Um expressivo crescimento de dezoito por cento comparados a 2009. Ocupa o quarto lugar em número de aparelhos. Atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte com 582, 320 e 153 aparelhos, respectivamente.
Com o carro se arrastando em meio ao engarrafamento seguíamos numa eterna primeira e segunda marcha pela Estrada Parque Taguatinga. Imaginei a mesma quantidade de helicópteros de São Paulo a voar nos ares de Brasília. É bem verdade que acontecem acidentes com estas máquinas, mas nem de longe comparável com os de automóveis. Ainda vale o velho chavão de que o avião ainda é o meio de transporte mais seguro. E a aceitação como meio de transporte está em crescimento.
As vantagens parecem incomparáveis. No centro-oeste brasileiro, onde se registra o maior crescimento no uso destes aparelhos, existe um movimento de fazendeiros e empresários trocando seus aviões de pequeno porte por helicópteros. Alegam principalmente a excelente mobilidade, tanto local, entre pequenas cidades, como o alcance aos grandes centros. Para pousos e decolagens é necessário apenas um quadrilátero de míseros vinte metros de lado. Ínfimo, se comparado a necessidade de pista para avião convencional, mesmo de pequeno porte.
Mas a população em geral enfrenta o alto custo o que limita o alavancar das vendas. Uma aeronave usada, ano e modelo 2000, pode custar a bagatela de um milhão e oitocentos mil dólares. Cifra indisponível para a grande maioria dos brasileiros. Os mais otimistas afirmam que o consumo em alta, tende a derrubar os preços e o acesso a estes aparelhos aumentará. Doce ilusão.
Quando isto acontecer, vejo inúmeros problemas que deverão ser solucionados. À medida que o preço chegar ao bolso do consumidor comum e as vendas aumentarem, os órgãos competentes terão que criar áreas para estacionamento. No ar será a solução para o engarrafamento das metrópoles. Não dependerão de vias para trafegar, mudando de trajetória e pronto. Mas em solo, o espaço necessário para pouso e decolagem, nas fazendas a grande vantagem, nos grandes centros são problemas sérios a serem enfrentados. Muito maior que o ocupado pelo automóvel.
Ainda não será solução para minimizar os engarrafamentos, a não ser para alguns poucos. Com certeza, sua fabricação e comercialização em alta escala, poderá causar problemas maiores que o automóvel. Exigirá controle ferrenho do espaço aéreo, pois fatalmente acontecerão cortadas, fechadas e ultrapassagens fora da via aérea.
Em caso de acidentes, as conseqüências sempre serão sérias. O tão conhecido abalroamento, reclamado hoje pelos motoristas, que ocasiona danos materiais, será substituído por quedas catastróficas nas ruas.
Como tenho medo de avião, continuarei a rodar com meu velho Santana. Prefiro percorrer os dez quilômetros na hora e meia entre o Setor de Indústrias e Abastecimento até Águas Claras. Afinal, foi um excelente exercício de controle.

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