LEIA TAMBÉM:"ARQUIVO" e "PÁGINAS"

Dificuldades para comentar? Envie para o email : marcotlin@gmail.com
****************************************************

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CRESCEI-VOS E MULTIPLICAI-VOS

A moderna tecnologia disponível apresenta um grau de eficiência sofrível. É comum acontecer de utilizar aparelhos de última geração e ter pífios resultados.
No ano passado, uma colega de trabalho, após anos de casamento sem filhos, resolveu tentar a inseminação artificial. Claro que consultou o marido, cansado dos falsos alarmes de gravidez, das tabelas de fecundação e das esdrúxulas posições na cama para tentar a concepção. Imediatamente ele aceitou, pois o que mais incomodava eram as brincadeiras dos amigos que o acusavam de mau reprodutor.
A cada tentativa, era coletada uma amostra do material e entregue ao médico. O profissional de saúde identificava os espermatozóides mais eficazes e plantava no útero da mulher. A partir daí iniciava a expectativa da fecundação. Cada coleta funcionava como novo ânimo ao casal, logo arrefecido pelos sucessivos fracassos. Psicoterapias, remédios contra ansiedades e depressões e voltavam ao consultório para nova tentativa.
Ao contrário do casal acima, algumas culturas encaram a falta de gestação com absoluta normalidade. Aboliram de vez a criação de filhos na convivência a dois, decidindo abster-se num contrato verbal como cláusula de casamento. Possuem algumas características comuns, ganham bons salários e são mais consumistas que os colegas com crianças. Incompreendidos, são considerados rabugentos pela opção de viverem livres de rebentos.
E o mercado de consumo visualiza este segmento como um filão. Existem condomínios residenciais, como na Escócia, que é permitida a entrada de crianças apenas para visitas. Candidatos a condôminos, com filhos, são personas non gratas. Imagine o leitor, as mulheres grávidas sendo convidadas a sair do conjunto habitacional, a partir do nascimento dos bebês. “Senhoras, crianças são muito barulhentas”, dirá o síndico.
Na Europa a carência de herdeiros, transformou-se em problema sério. A Itália detém a menor taxa de fecundidade e o governo se obriga a premiar os casais com 1 500 dólares por criança nascida.
No Brasil, a média de filhos por mulher é 2,3. Acima, portanto, da taxa de reposição da população, que é 2,1. Mesmo assim, nos últimos doze anos, o número de casais brasileiros que optaram por abolir a gravidez, dobrou. De 1 milhão passou para 2 milhões. Por estes dados, chego a pensar que a inseminação artificial é um procedimento em extinção.
Custo a conceber o mundo vazio de seres humanos. O planeta solitário a gerar alimentos ficaria desconexo. Frutificar maçãs, laranjas e bananas para caírem podres do pé por falta de consumo é demais.
Povoar a terra é a função primeira da humanidade. Casais devem se organizar e repensar sobre a reprodução. Evitar a gravidez por dificuldades financeiras é desculpa esfarrapada. As gerações passadas tinham dez, doze filhos e todos tinham seu canto na mesa.
O Brasil é um pais enorme, necessitado de grande população para explorá-lo. Quando leio matérias sobre a falta de mão de obra na indústria, indicando importação de gente, me desassossego. Fico a pensar como isto é possível num país de altas taxas de nascimento.
Levantemos a bandeira da multiplicação. É saudável, desestressa e baixa a pressão alta, segundo o Ministério da Saúde.
E o melhor, eliminem a tecnologia para substituir o ato. Ao vivo com certeza é mais prazeroso.

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO

A situação que se apresenta no Rio de Janeiro com a ocupação dos morros pela união da capacidade bélica do estado, é dramática. A Cidade Maravilhosa, plena de encantos mil, transformou-se na faixa de Gaza brasileira. Na versão tupiniquim, de um lado os bandidos organizados há décadas, tomaram as funções do estado usando o tráfico de drogas. De outro as forças de coalizão, formadas pelas Policia Militar, Civil, Exército e Segurança Nacional, na reconquista do controle e devolução aos moradores dos bens que perderam: a paz, a harmonia e a segurança para ir e vir.

É a união do estado federativo contra o crime organizado. Pelo relato nas reportagens e entrevistas, os traficantes eram comandados por esquema bem articulado, vindo dos presídios. Os chefões do narcotráfico carioca, Marcinho VP e Elias Maluco, mesmo presos, obrigavam os comandados do segundo escalão a impetrar inúmeras ações terroristas. Ônibus eram incendiados, lojas saqueadas e a população indefesa permanecia entre o fogo cruzado.

Neste momento, desarticular os bandidos é a principal meta das forças do estado. Primeiramente, há necessidade de neutralizar a disseminação das ordens dos chefões presos, desarticulando o trabalho dos chamados pombos-correios, fiéis escudeiros que levam as orientações dos presídios aos morros. Urge o afastamento dos cabeças presos e das visitas que levavam as ordens e traziam as informações dos súditos.

Assim foi decidido pelos articuladores das forças do governo. Enviaram os mandantes aos presídios de segurança máxima. Localizados em outros estados, estes centros de reclusão possuem bloqueio de celulares e isolamento de convívio, forma legal de neutralizar estes homens que nada tem a perder. Muitos são condenados a amargar dezenas de anos cumprindo penas em regime fechado.

Para desarticular os formigueiros que ameaçam o gramado de minha casa, bato veneno nos buracos de entrada. As formigas, outrora organizadas e ordeiras, seguindo uma linha reta para cortar as folhas e carregá-las para dentro da toca, fogem desarvoradas, sem plano de fuga. A preservação da espécie é o que mais conta. Lembrei disto ao assistir a correria dos bandidos. Quando as forças de coalizão do estado, com método e treinamento, dispararam o plano de ataque, a desorganização da bandidagem ficou clara. Um dos cuidados no ataque foi com relação a reposição de munição. Ao fecharem as entradas e subidas dos morros, os homens do estado garantiram a falta de armamento aos entocados bandidos. Sem chance de recarregarem as armas, sem energia elétrica, cortada após o cerco inicial e com dificuldades até para alimentação, debandaram em fuga ao alto do morro. Antes articulados, morando em casas luxuosas, com piscina e banheira de hidromassagem, abandonaram tudo correndo para fugir do confronto.

A desorganização dos bandidos contrasta com a ordem dos soldados das forças de coalizão. Ocupando o território e montando as UPPs, Unidades de Polícia Pacificadora, o estado garante ordem aos morros. Desmontar a ocupação dos morros pela bandidagem, desarticulando-os, desordenando suas bases, está garantida a chegada das bases de governo. Com educação, saúde e policiamento social, inicia-se o atendimento aos moradores, função primeira do estado de direito.

O governo prova que, articulado, ganha o respeito da população. O êxito das ações arregimenta o respeito e os moradores em troca, confiando na erradicação do tráfico, oferecem apoio logístico valioso.

Prova disto é a mãe que entregou o filho traficante, o Mister M, a polícia. Foi uma contribuição espontânea com o corte na própria carne para a limpeza do lugar.

A organização das polícias desordena os traficantes. O que antes era a dominação pela força e intimidação, gerando o pânico e uma falsa ordem, está sendo substituída pela organização do estado.

Com a erradicação da bandidagem, o estado tem chance de organizar os morros cariocas. Ninguém esquece que o Rio de janeiro é uma Cidade Maravilhosa.