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sábado, 15 de setembro de 2012

PORTO ALEGRE É DEMAIS

(Google Imagens)

Frequentemente viajo a Porto Alegre e por isso identifico dois tipos de habitantes, quando o tema é a violência. Há os que vivem presos dentro de casa, intimidados com notícias geradas pela televisão, jornais e revistas. Deslocam-se ao trabalho e voltam correndo a casa onde se aferrolham por trás de trancas, cercas elétricas e, alguns moradores de condomínio, se entregam a vigilância armada, espreitando pelas frestas o mundo lá fora. Os outros são os que mesmo sabendo de tudo, ignoram, acreditando que nada lhes acontecerá, desde que sigam o exemplo dos escoteiros e fiquem “sempre alerta”. Com certo cuidado, seguem a vida normal. Pertenço ao segundo time. Quando chego à cidade, procuro despir-me dos medos, porque entregar-me é ficar preso dentro de casa, acreditando em uma  realidade assustadora formatada pelos meios de comunicação. Transito pelas ruas, de ônibus como nos velhos tempos que morava na cidade ou de carro, procurando locais para diversão. Durante o dia, a pé, miro a bela paisagem do Guaíba onde nos  tempos de adolescente nadava e pescava lambaris que vó fritava para o almoço.
Hospedo na casa de mãe na zona sul e por lá mesmo percebo a multiplicação dos enclausurados. As cercas elétricas emendam umas as outras e chego a conclusão que vivo em uma situação irreal, baseada nos anos que por lá era tranquilo de viver. Às vezes tenho a sensação que pouco conheço sobre a realidade de Porto Alegre.
Muitos moradores de hoje não conheceram a zona sul quando totalmente aberta aos moradores, e com vizinhos tomando mate e conversando sentados nas calçadas. São pessoas que economizaram muito para aquisição de suas casas e acabaram escravizadas dentro delas. Só saem para outra clausura, a dos shoppings. E assim entram no círculo vicioso de trabalhar para consumir. Neurose que está levando os moradores a desconhecerem quem mora ao lado. Porque lugar para consumir em Porto Alegre é o que mais tem. Sem contar os pequenos, são cerca de dez shoppings entre médio e grande porte.  Conto por baixo, pois alguns nem conheço. Nos bairros, pequenos shoppings com seguranças e estacionamento para o conforto dos frequentadores, mas também ali, impera a sensação da clausura.
Leio um artigo no jornal local que Porto Alegre foi roubada dos Porto-alegrenses. Pura verdade. A capital está reclusa. Além do laser, as compras se restringem aos shoppings. Quem hoje vai ao centro comprar uma camisa, calça, sapatos ou aparelhos eletro/eletrônicos? Nem sei como sobrevivem estas lojas.
Em Brasília, vivo acostumado a frequentar shopping. Desde que decidi morar na capital federal, em 1974, é o único local que a maioria do brasiliense conhece para comprar. Só me dirijo ao comércio de entre quadras para adquirir pregos, parafusos ou achar um sapateiro. De resto, frequento os mega comércios, pois Brasília assim foi construída, para os habitantes não terem o trabalho de caminhar para consumir. Aliás, foi na capital federal que conheci shopping, como também acostumei a locomover apenas de carro tal o descaso com transporte coletivo, pois a capital federal foi propositalmente concebida para o automóvel. O que não entendo é como Porto Alegre, que possui bom sistema de transporte, seja surrupiada dos habitantes pela bandidagem.
Escrevo sobre isto para deixar claro que nego enclausurar em Porto Alegre. Só vou a shopping quando é preciso e para levar mãe para passeio seguro, banheiros limpos, alimentação diversificada, possibilidades de compras sem atropelos e onde inexistem degraus de calçadas para tropeçar.
Ao contrário, prefiro passeios por Ipanema para vigiar o por do sol que continua lindo e exercitar na Avenida Diário de Notícias. À noite, frequento os barzinhos ou vou a algum clube de dança, que por lá existem muitos. Prefiro curtir a sensação de segurança, talvez pelo tempo afastado da capital gaúcha o que provoca falsa imunidade que pretendo cultivar. Afinal, tenho meus direitos de ir e vir na capital gaúcha.

2 comentários:

  1. Olá, Tassinari! Tudo bem? Embora o meu esposo seja de Porto Alegre, ainda não a conheci. Mas, tenho muita vontade de conhecer os seus encantos e não os desencantos... Risos. Enquanto isso não acontece, vamos tomando chimarrão aqui na capital brasileira mesmo! Forte abraço!

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    1. Oi Poly, é isto mesmo, Porto Alegre merece ser conhecida pelos encantos. Pelas ruas concorridas e gente apressada, pelas belas paisagens e hospitalidade. Serão bem recebidos em solo gaúcho. Abração.

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